segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Sinopse do enredo para 2009

A Estação Primeira de Mangueira, no Carnaval 2009, pretende resgatar através da visão de Darcy Ribeiro, a formação do povo brasileiro comparando-o com Roma, por sua presença latina no nosso país continente.

Esta Nova Roma justifica-se porque é mestiça sem perder a sua latinidade, mas recebendo influência indígena e negra, formam uma sólida e mutante identidade étnica. É um Brasil cujo povo é alegre e orgulhoso de sua mestiçagem e, veremos através de nosso enredo como isto se deu neste ambiente tropical onde, o clima e o verde abraçam a todos.

Começamos pelos índios, que ao longo de 10 mil anos aprenderam a lidar com o ambiente das florestas e consegue tirar o melhor dela para a sua sobrevivência. Seus núcleos sociais obedecem a uma hierarquia própria e direcionada para o bem comum.

Com a chegada dos europeus, os opostos se confrontam; selvageria e civilização em um primeiro momento não irão se misturar. Entretanto com os interesses de ambos os lados, os índios cobiçando ferramentas e europeus com olho no pau-brasil, a aproximação torna-se inevitável. O indígena não se deixa escravizar facilmente, não subserviente, é contra o seu espírito livre, daí, surgindo grandes dificuldades no processo extrator da nobre madeira.

As circunstâncias sinalizam caminhos outrora pouco ortodoxos para a solução do problema.

Das milhares de aldeias por toda a costa se torna comum o "casamento" de índias com europeus. Agora parentes, surge a tal mão-de-obra para derrubar o pau-brasil; é o "Cunhadismo". O início da mestiçagem também é o início da formação do povo brasileiro.

O denominado mameluco aprende sobre a milenar cultura indígena que se soma aos conhecimentos europeus. Quem são eles? Nem um, nem outro, são a base transformadora de uma nova etnia nacional.

O contato com o europeu também foi danoso para o índio. Moléstias vindas do outro lado do mar dizimam os que aqui habitavam aos milhares, entretanto, a junção de conhecimentos foi primordial para a subsistência de todos nestas terras.

Gado, cana, ouro e plantios em geral necessitam de mão de obra, a demanda era muito maior que as "gentes" para a labuta.

Agora o interior também se desenvolvia no processo extrativista e de assentamento. O negro trazido da África como escravo, se junta com o mestiço local, daí surgindo multidões de crioulos e mestiços de toda a ordem por aqui.

Não podemos esquecer que, no período destes primeiros três séculos a fé movimentou de forma consistente a vida dos habitantes locais. O catolicismo jesuíta se junta com sincretismos de toda ordem e transformam a fé em uma manifestação santeira e festeira, muito importante para o desenvolvimento folclórico nacional.

O negro também contribuiu de forma definitiva para a disseminação da língua portuguesa, pois os índios e jesuítas criaram uma linguagem própria e as etnias negras tinham seus dialetos, portanto, para haver comunicação deveriam aprender a linguagem do capataz.

Com a miscigenação "este" não era índio, nem branco, nem negro, então o que ele era? Seria identificado quando se definisse o que era um brasileiro.

Não demorou que neste território gigante a política libertária, não somente do povo como também da coroa portuguesa se manifestasse. Os inconfidentes, o Brasil agora imperial, a libertação dos escravos em um país miscigenado recebe levas de mão-de-obra européia e oriental, em São Paulo e Sul, formam-se novas ordens de desenvolvimento, incluindo industrial.

Mesmo com as adversidades provocadas por séculos de história, o povo brasileiro se sente como um povo só. O regionalismo apresenta diferenças neste país continente, entretanto a urbanização contribui para uniformizar os brasileiros, porém, mantendo as suas diferenças.

Nossas regiões têm em si identidades próprias, mas o mais importantes é que mostrarmos tudo isso com os "olhos" de Darcy Ribeiro e como ele mesmo diz: "que bela história tem este povo brasileiro".

Roberto Szaniecki
Carnavalesco

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